O departamento financeiro do São Paulo tem motivo para se preocupar. O clube vai ter de arcar sozinho com os salários de Daniel Alves, ao menos neste momento. Segundo apurou o UOL Esporte, o Tricolor paulista ainda não conseguiu os tais parceiros que ajudariam a arcar com os vencimentos do capitão da seleção brasileira na Copa América.
O jogador recebe o maior salário do país, cerca de R$ 1,5 milhão, sendo que o clube alega que neste primeiro ano paga R$ 500 mil. Segundo apurou a reportagem, entre luvas, salário e direito de imagem, a soma total chega a cerca de 4 milhões de euros por cada temporada de acordo com o Tricolor paulista. Na época do anúncio, o São Paulo dizia ter costurado acordos para que parceiros ficassem responsáveis por cerca de um terço dessa quantia mensal.
Em contrapartida, ações pontuais seriam realizadas. Assim, a imagem do atleta poderia ser utilizada, em uma propaganda ou quando o lateral direito usasse um determinado produto. O clube disse que não revelaria os nomes desses supostos parceiros. Neste ano, o São Paulo vem enfrentando alguns percalços de ordem financeira. O clube do Morumbi deixou a Copa Libertadores antes mesmo da fase de grupos e caiu na Copa do Brasil nas oitavas de final – tais resultados impediram a entrada de estimados R$ 25 milhões para o orçamento de 2019.
Também nas contas do departamento financeiro estavam R$ 120 milhões com saídas de jogadores para toda a temporada. O clube ainda não está perto de alcançar tal meta — a maior parte da receita com vendas veio com Morato (R$ 27,3 milhões) e Rodrigo Caio (R$ 22 milhões).
“Tenho feito viagens para fazer networking, estar próximo de outros clubes, pensando em oportunidades que possam surgir. Isso pode nos ajudar para que apareçam possibilidades. Estamos pensando em soluções futuras e trabalhando para não depender da venda de jogadores. Acredito que temos material de sobra para encontrar uma solução para esse objetivo”, disse o executivo de futebol do clube, Raí, quando questionado sobre a meta orçamentária com a transferência de jogadores.
Até mesmo por conta desse cenário, o São Paulo chegou a contrair mais empréstimos bancários neste ano. Os acordos, que giram na casa dos R$ 37 milhões, foram aprovados pelo Conselho Deliberativo. Ainda assim, o São Paulo atrasou o pagamento do direito de imagem de atletas pouco antes da contratação de Daniel Alves. Tal situação gera preocupação entre conselheiros do clube.
Mesmo internamente os nomes dos parceiros ainda não foram especulados. Assim como não foi divulgado um plano de ação ao qual o Tricolor já tenha dado andamento. Muito se falou sobre o aumento de venda de camisas e de ações de marketing, mas esses números também não foram apresentados. A reportagem tentou contato com o São Paulo, que não respondeu.
Outro lado
Na manhã de hoje (19), após a publicação, a comunicação do departamento de futebol entrou em contato para apresentar a sua versão.
O clube teria selado o acordo para pagar sozinho salário de R$ 500 mil ao reforço. A partir de julho de 2020, Daniel Alves receberia um complemento de renda via direitos de imagem do atleta, no valor de aproximadamente R$ 1,3 milhão por mês. De modo que, na reta final do mandato do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, a conta passaria a cerca de R$ 1,8 milhão mensais.
Até lá, o clube espera contar com parceiros que possam ajudam a bancar o jogador.
José Eduardo Martins Do UOL, em São Paulo